Em meio à grandeza e o silêncio da Basílica de São Pedro, EUA e Ucrânia buscam costurar a paz, deixando para trás a tensão recente.
O primeiro encontro de Trump e Zelensky, dois meses após a desastrada recepção ao ucraniano em Washington, durou 15 minutos e foi descrito como muito produtivo pelos dois governos. Em fevereiro, o líder ucraniano foi maltratado, acusado pelo americano de estar perto de provocar a Terceira Guerra Mundial e praticamente enxotado da Casa Branca.
Neste sábado (26), o novo encontro refletia uma atmosfera amistosa e intimista, com ambos os líderes sentados, frente a frente, em cadeiras vermelhas dispostas na imponente basílica. Proporcionada pela despedida a Francisco, a reunião se dá, contudo, num momento tenso das negociações, já que Trump vem forçando a barra para que a Ucrânia aceite um acordo de paz com a Rússia claramente desigual para o país invadido.
Proposta Americana para a Paz na Ucrânia
A proposta dos Estados Unidos para alcançar a paz prevê, entre outros pontos, que a Rússia mantenha o controle de cerca de 20% do território ucraniano conquistado após a invasão, além do reconhecimento oficial da Crimeia como território russo pelos EUA. Em troca, Vladimir Putin se comprometeria a interromper a anexação de novas áreas ucranianas.
A Resistência de Zelensky e a Busca por Alternativas
Por motivos evidentes — como a desconfiança em relação a Putin —, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky tem resistido a esse modelo de acordo. No entanto, após encontro no Vaticano, demonstrou certo otimismo, relatando que discutiu com as autoridades religiosas a possibilidade de um cessar-fogo total e incondicional.
Uma Paz Duradoura como Objetivo
Zelensky descreveu o encontro pelas redes sociais como “um encontro muito simbólico”, destacando que tem potencial para se tornar histórico caso se alcancem resultados concretos:
“Uma paz confiável e duradoura que impedirá a eclosão de outra guerra”, afirmou.
Funeral de Francisco e o Cenário Político Internacional
O funeral do papa Francisco reuniu dezenas de líderes mundiais em Roma, muitos deles com posturas políticas em desacordo com o pontífice. Entre os presentes, Donald Trump se destacou como o principal opositor ideológico, especialmente por suas políticas rigorosas contra a imigração — contrárias à defesa ferrenha dos imigrantes promovida por Francisco.
A Mensagem Velada na Homilia
Durante a cerimônia, o cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio dos Cardeais, enfatizou na homilia o trabalho incansável de Francisco em favor dos imigrantes e seu apelo constante para a construção de pontes em vez de muros. A referência foi amplamente interpretada como uma crítica indireta às políticas do ex-presidente Trump.